O Dilema do Dev - Artesão ou Linha de Montagem?
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Junior Alves

Senior Developer

Foto: Unsplash

Atualizado: 3 de setembro de 2025 às 07:45

Leitura: 6 minutos de leitura

Criado: 1 de setembro de 2025

O Dilema do Dev - Artesão ou Linha de Montagem?

Qual Deles Vence a Sprint?

O Dilema do Dev

Sexta-feira, fim da sprint. Você está fazendo um code review e o comentário aparece: "Podíamos ter feito isso aqui de forma mais elegante, né?". Ao mesmo tempo, no chat, o PM manda: "Conseguimos subir isso hoje ainda?".

Você já teve essa batalha interna entre o desejo de criar uma obra de arte e a pressão para entregar rápido?
Muitas vezes, a causa da nossa ansiedade não é uma mudança de estado óbvia, mas um dilema fundamental da nossa profissão que age nas sombras.

Hoje, vamos desconstruir esse conflito. A promessa é que, no final, você não vai só entendê-lo, mas terá um passo a passo mental para transformar essa luta de uma fonte de estresse em uma vantagem estratégica.

Bora lá? 🚀

Imagem de um dev em frente a um notebook

De um lado: O Ateliê do Artesão

Pense naquele momento de flow, fone no ouvido, focado em uma única tarefa complexa. Esse é você no modo artesão.

No ateliê, o tempo passa diferente. Você não está apenas "fazendo uma feature". Você está escolhendo a melhor estrutura de dados, aplicando os princípios SOLID, refatorando para que a próxima pessoa que ler aquele código entenda com clareza. O resultado é um código do qual você se orgulha. É a sua obra-prima, construída para durar.

  • As Ferramentas: Design Patterns, TDD, Clan Arch...
  • O Objetivo: Qualidade, manutenibilidade e, por que não, beleza.

É o tipo de trabalho que te faz sentir um verdadeiro engenheiro, não apenas um "code monkey".

Do outro: A Linha de Montagem

Mas aí (e sempre tem um mas), o sino da fábrica toca. A realidade do negócio bate na porta. Não adianta ter o código mais perfeito do mundo se ele nunca chega ao usuário.

Bem-vindo à linha de montagem. Inspirada na engenharia industrial, o foco aqui é outro: velocidade, padronização e entrega de valor contínua. É o mundo do DevOps, do CI/CD, dos deploys com um clique.

  • As Ferramentas: Docker, GitHub Actions, pipelines automatizados...
  • O Objetivo: Reduzir o risco, aumentar a frequência dos deploys e entregar features de forma previsível.

A linha de montagem não se importa com a elegância de um algoritmo específico. Ela se importa se o sistema como um todo é resiliente e se a entrega é fluida.

Dica

Falando sério sobre essa sabedoria para tomar as melhores decisões... dominar tanto as ferramentas do artesão (os fundamentos) quanto a mentalidade da linha de montagem (DevOps, agilidade) é o que acelera uma carreira.

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Por que isso é um problema (e como a senioridade o resolve)

O problema é que viver nesses dois mundos é um convite para a síndrome do impostor. Quando você age como artesão, se sente lento. Quando age como operador de linha de montagem, se sente um "impostor".

A verdade? Nem tudo são flores, e a senioridade não é sobre escolher um lado, mas sobre saber quando vestir cada chapéu.

Nosso trabalho evoluiu. Começou como algo puramente artesanal (pense nos pioneiros escrevendo software para a Apollo) e, com a escala da internet, precisou adotar práticas industriais para não quebrar.
O DevOps não é inimigo do artesanato; ele é o sistema que permite que o artesão foque na peça certa, sem se preocupar em como a entrega será feita.

A verdadeira senioridade não está no código mais puro, mas na sabedoria de avaliar um trade-off.

Como um amigo meu sempre diz: "Tudo é trade-off"
Salve Yuri!

Um Framework para a Sprint Planning

Chega de teoria. Como aplicar isso na sua próxima reunião? Fazendo as perguntas certas.

1. "Qual o 'nível de artesanato' que essa tarefa exige?"

Nem todo código precisa ser uma obra de arte. Antes de começar, alinhe com o time:

  • Alto Artesanato (O Ateliê): Onde você deve investir mais tempo e cuidado?
    • Exemplos: O módulo de autenticação, o serviço de pagamentos, a API pública. São áreas de alto risco e baixa frequência de mudança. Um erro aqui pode ser catastrófico.
  • Linha de Montagem (A Fábrica): Onde o "bom o suficiente" é o ideal?
    • Exemplos: Uma landing page para uma campanha de marketing que dura duas semanas, um script de migração que só vai rodar uma vez, um protótipo para validar uma hipótese. O objetivo é velocidade.

2. Como negociar o trade-off com o time de Produto?

Essa é a joia da coroa. Sua função evolui de executor para parceiro estratégico quando você articula as consequências de cada abordagem.

  • Não diga: "Preciso de mais tempo pra fazer isso direito."
  • Diga: "Temos duas rotas aqui.
    • A 'Rota Rápida' (linha de montagem) nos permite entregar em 2 dias, mas vamos criar um débito técnico que precisaremos revisitar no próximo trimestre.
    • A 'Rota Robusta' (artesão) leva 5 dias, mas cria uma base que vai acelerar as features X e Y no futuro. Qual desses trade-offs faz mais sentido para o momento do negócio?"

Conclusão

Esse conceito vem com o tempo, depois vários erros, a gente vai aprendendo. Eu lembro do momento "aha!" quando esse conceito finalmente fez sentido para mim, ao debugar um componente que eu havia "super-engenheirado". A sensação de alívio foi sensacional.

O dilema entre o artesão e a linha de montagem não é uma falha sua, é uma característica central do desenvolvimento de software moderno. Entender como e quando aplicar cada mentalidade não é apenas sobre escrever código melhor, é sobre assumir o controle da sua entrega, reduzir a ansiedade e entregar mais valor.

E você? Já passou por uma situação onde um log genérico te deixou na mão? Qual foi a última vez que você teve que escolher entre o ateliê e a linha de montagem? Conta aqui nos comentários!

Grande abraço e até a próxima.

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