
Junior Alves
Senior Developer
Foto: Unsplash
Atualizado: 9 de novembro de 2025 às 09:10
Leitura: 6 minutos de leitura
Criado: 7 de novembro de 2025
Testes unitários são realmente importantes?
Qual a relação dos testes unitários com refatoração? E por que você deveria se preocupar?
Introdução
Acho que todo dev já sentiu aquele frio na espinha. Aquele momento em que você precisa modificar um trecho de código em um projeto antigo e cada linha alterada parece um fio solto que pode derrubar o sistema inteiro. Com o tempo, projetos que começaram bem se tornam verdadeiros campos minados, onde cada nova funcionalidade ou correção de bug é uma operação de alto risco.
Esse problema tem um nome: entropia de software. É a tendência natural de um sistema se tornar cada vez mais complexo e desorganizado a cada mudança. A principal ferramenta para combater essa desordem é a refatoração contínua, apoiada por uma rede de segurança indispensável: uma suíte robusta de testes unitários.
Mas o objetivo aqui é maior do que apenas consertar código. O verdadeiro propósito dessas práticas é permitir o crescimento sustentável do projeto de software, garantindo que possamos continuar entregando valor ao longo do tempo sem que a complexidade nos paralise.
A Entropia de Software
Você já notou como a velocidade de desenvolvimento em um projeto novo é alta no início, mas diminui drasticamente com o passar do tempo? Cada nova mudança exige mais e mais horas para entregar a mesma quantidade de progresso.
Corrigir um bug introduz outros, e modificar uma parte do software quebra várias outras, é como um efeito dominó. O código se torna cada vez mais frágil. Sem um cuidado constante, como limpeza e organização, o sistema tende ao caos.
Esse fenômeno de velocidade de desenvolvimento em rápida diminuição também é conhecido como entropia de software.
A Refatoração
A refatoração é a nossa principal ferramenta contra a entropia. É a prática de melhorar a estrutura interna do código sem alterar seu comportamento externo. Não se trata de adicionar novas funcionalidades, mas de limpar, organizar e simplificar o código existente para que ele continue saudável e fácil de manter.
Formalmente, a definição é clara e precisa:
Refatoração significa mudar o código existente sem modificar seu comportamento observável.
Preste muita atenção nesse termo: comportamento observável. Ele é o conceito mais crítico deste post e a chave para escrever testes que nos dão liberdade, em vez de nos prender.
O Papel dos Testes Unitários
A refatoração, por definição, é uma atividade de coragem. E o que nos dá essa coragem para modificar o código de forma decisiva? Uma suíte de testes robusta. Eles são a rede de segurança que nos dá a confiança necessária para fazer alterações profundas no código, garantindo que a funcionalidade existente não foi quebrada no processo.
Os testes garantem que, mesmo após uma grande refatoração, o comportamento observável do sistema permaneça intacto. Eles nos protegem contra regressões (bugs introduzidos em funcionalidades existentes).
Testes ajudam a reverter essa tendência. Eles agem como uma rede de segurança, uma ferramenta que fornece seguro contra a grande maioria das regressões.
Quando Seus Próprios Testes se Tornam o Problema
Infelizmente, nem todos os testes são criados iguais. Uma suíte de testes mal escrita pode se tornar um obstáculo em vez de uma ajuda. O principal problema são os testes frágeis (brittle tests), que geram "falsos positivos", eles quebram durante uma refatoração, mesmo que a funcionalidade do sistema continue perfeitamente correta.
Isso não é apenas um inconveniente; é um problema cultural, e na minha visão, grave. A equipe lentamente perde a confiança na suíte de testes e para de prestar atenção às falhas. Daqui a pouco, o time esta adicionando vários .skip nos testes. A cobertura começa a cair, ou pior, os testes são feitos de qualquer jeito, apenas para manter a cobertura.
Essa erosão de confiança nos leva a evitar a refatoração por completo, tornando-nos, ironicamente, contribuidores da mesma entropia de software que tentamos combater.
Um falso positivo é um alarme falso. É um resultado indicando que o teste falha, embora na realidade, a funcionalidade que ele cobre funcione como pretendido.
O Segredo dos Bons Testes
Como, então, criamos testes que nos dão liberdade para refatorar em vez de nos prender? O segredo está em focar no comportamento observável (o "o quê") e ignorar os detalhes de implementação (o "como").
Um bom teste não se importa com os passos internos que o código executa para chegar a um resultado. Ele se importa apenas com o resultado final, aquele que é significativo para o cliente ou usuário.
E aqui está uma distinção crucial que muitos desenvolvedores perdem: comportamento observável não é o mesmo que API pública. Um método pode ser público, mas ainda assim ser um detalhe de implementação se ele não contribui diretamente para um objetivo que o cliente daquele código se importa. Testes que se acoplam a esses métodos públicos de "suporte" são tão frágeis quanto aqueles que testam métodos privados.
A regra de ouro para evitar falsos positivos e construir uma suíte de testes resiliente é esta:
A única maneira de reduzir a chance de obter um falso positivo é desacoplar o teste desses detalhes de implementação. Você precisa garantir que o teste verifique o resultado final que o SUT entrega: seu comportamento observável, não os passos que ele executa para fazer isso.
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Conclusão
O objetivo final dos testes unitários não é apenas encontrar bugs. Sua função mais importante é permitir o crescimento sustentável de um projeto de software. Eles fazem isso ao tornar a refatoração uma prática segura e constante, a principal ferramenta que temos para lutar contra a inevitável entropia de software.
Ao escrever seu próximo teste, pare e reflita. Seu teste está te dando a confiança para refatorar, ou ele se tornou parte da entropia que você tenta combater? No final das contas, essa é a diferença entre uma base de código que trabalha para você e uma contra a qual você trabalha todos os dias.
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